Quase que parece uma nova moda, retirar o glúten da alimentação…mas
será mesmo?
O que é o glúten
afinal?
O glúten é um conjunto de proteínas (gliadina e glutenina) presentes no endosperma (tecido
de reserva) das sementes de cereais como o trigo, cevada, centeio, aveia e malte.
Imaginando que a
maioria dos alimentos que fazem parte do consumo comum, têm trigo na sua constituição
(o cereal mais consumido desde sempre), uma dieta sem ele pode parecer, à
partida, complicado!!
Na indústria da panificação, é exatamente o glúten, presente
na farinha de trigo, que confere à massa aquela elasticidade característica e
que lhe permite crescer e ficar fofa!
Está presente em inúmeros alimentos
tais como pães, farinhas, massas, biscoitos, bolachas, salgadinhos, cerveja… molhos
como Ketchup, mostarda, maionese, enlatados, comidas prontas.. daí a
importância de ler sempre com atenção os rótulos e, na dúvida, o melhor é não
consumir! O famoso símbolo “gluten free” é um indicativo de que o alimento em
questão não tem glúten na sua composição e poupa trabalho e tempo de quem anda na
correria das compras.
Façam este “rewind” comigo! Durante
99,9% de existência, o Homem não ingeriu qualquer tipo de cereais…e portanto o
glúten nunca esteve presente. Foram 2,5 milhões de anos a ingerir a carne, o
peixe, as frutas, as bagas, as raízes… Com o início da sedentarização, marca-se
o início de um novo período. O Paleolítico deu lugar ao Neolítico, no qual, com
a inerente evolução tecnológica, chega também a agricultura e a domesticação de
animas. O Homem da altura começa a cultivar os grãos e tudo mudou drasticamente
a partir dessa altura. Não por causa desta descoberta, mas sim pelas
consequências a que isso levou, quando se começaram a produzir massivamente os cereais,
marcando um fulcral ponto de viragem (para pior) de tudo que diz respeito à
nossa alimentação e consequentemente à nossa saúde!
Se pararmos para pensar, em tão pouco tempo, não
há meio de nos termos adaptado a tamanha mudança!! Além disso nos últimos 50
anos ainda conseguimos a proeza de fabricar alimentos altamente processados, açúcares,
farinhas refinadas e produzir mil e um artigos designados de alimentos, à
disposição de qualquer um numa prateleira de supermercado, que de alimento têm
pouco, e de saudável…muito menos!! Geneticamente não estamos preparados para
isto…e as consequências estão à vista de todos… doenças cardiovasculares, hipertensão,
disfunções metabólicas, diabetes tipo II, obesidade, inflamações, doenças
auto-imunes…
Voltando aos tempos remotos,
sabemos, por evidências antropológicas das populações ancestrais, que o homem
do paleolítico era ágil, de estatura elevada e excelente performance ao
contrário das referências que reportam ao neolítico, em que há evidências de
deficiências nutricionais, pela diminuição da estatura, ossos e dentes débeis…Porquê
que isto acontece?
Façam agora um “slow motion”
comigo! :D :D Passámos de uma dieta típica low carb (baixa em carboidratos) e super
variada, fornencendo além de proteína e gordura, o correto aporte de vitaminas
e minerais, para uma deita com elevados níveis de carboidratos (high carb), predominantemente
rica em amido, presente nos grãos cereais cultivados. O amido é um
polissacarídeo, que após digestão fica reduzido à unidade básica, a glicose, um
açúcar simples. Uma das consequências das dietas “high carb” é por exemplo, a
obesidade! Grandes quantidades de glicose sanguínea levam a picos de insulina, hormona
que entre outras funções, leva à acumulação de gordura no tecido adiposo!
Além disso, o glúten provoca
inflamações no nosso organismo e aumento
da permeabilidade intestinal, possibilitando a passagem de toxinas para a
corrente sanguínea. Acredito que todos
nós tenhamos sensibilidade ao glúten, de uma maneira ou de outra, mas que
apenas alguns desenvolvem intolerância.
Cansaço, fadiga inexplicável, distensão
abdominal, má digestão, enxaqueca, alterações de humor, depressão, ansiedade,
dores nas articulações, são alguns sintomas que podem estar relacionados com a
sensibilidade ao glúten e que uma vez removido da alimentação provoca melhorias
surpreendentes!
Glúten e a Doença Celíaca
A doença celíaca é um exemplo de
intolerância ao glúten, havendo uma predisposição genética para o seu
desenvolvimento.
As paredes do intestino delgado
apresentam vilosidades e microvilosdades (estruturas semelhantes a dedos de
luva), extremamente vascularizadas, que aumentam a área de absorção dos
nutrientes.
Na doença celíaca, o glúten ingerido estimula a produção de linfócitos
que funcionam como anticorpos, libertando substâncias inflamatórias que começam
a atacar as próprias vilosidades intestinais, que ficam, por isso, atrofiadas,
resultando numa má absorção dos nutrientes. É assim, uma doença autoimune com reação
imunológica do intestino delgado, resultando em inflamação.
Os principais sintomas são
diarreia, acompanhada de perda de gordura nas fezes (uma vez que a absorção não
está a ocorrer de forma eficiente), gases, vómito, perda de peso, cansaço,
confusão mental, diminuição da fertilidade, anemia (devido à má absorção de
ferro) e outros sinais de desnutrição tais como unhas e cabelos fracos e
alterações na pele.
Também estão relacionados ao consumo de glúten
outras doenças auto-imunes como psoríase, artrite reumatóide, doença de chron, esclerose múltipla, lúpus,
vitiligo, tiroidite de hashimoto, etc., enxaquecas e alguns sinais de desequilíbrios
hormonais tais como TPM, síndrome de ovário poliquístico e infertilidade.
O tratamento é simples…durante
toda a vida, os portadores desta doença não podem ingerir alimentos que
contenham glúten, caso contrário, ela pode mesmo a chegar a evoluir para um
cancro no intestino.
Por fim, um “fast forward”
comigo! :P Ressaltar a importância de parar de vez de tratar o
nosso corpo como um reservatório de lixo…sim, porque quando ingerimos “alimentos”
altamente processados é isso que lhe estamos a dar e…optar por comida de
verdade! Aquela feita por alimentos no seu estado o mais natural possível,
frescos, sem necessidade de conservantes, espessantes, edulcorantes, emulsionantes,
intensificadores de sabor…
Alimentação sem glúten é fácil e possível sim!! E está aqui este e muitos blogs com ideias super criativas de receitas e dicas saudáveis
de combinar alimentos.
Keep Calm...Shut up...and Eat Paleo! Eat Real Food! ;)
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